
O juiz Daniel Werneck Cotta, da 2ª Vara Criminal do Rio, rejeitou o pedido de relaxamento da prisão preventiva do engenheiro Mário Marcelo Ferreira dos Santos Santoro, de 40 anos. Suspeito de matar na Austrália, a ex-namorada Cecília Müller Haddad, de 38, ele foi preso no último dia 7 de julho, dentro de um apartamento, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

Atualmente, o engenheiro encontra-se detido, à disposição da Justiça, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
No pedido, a defesa do engenheiro argumentou que havia ilegalidade na prisão e alegou que Mário teria sido algemado por policiais que cumpriram o mandado de prisão.
O juiz não concordou com o argumento da defesa e negou o pedido, alegando que Mário Marcelo retornou ao Brasil, logo após o crime, para escapar da ação da Justiça Australiana.

“ Não há nos autos provas idôneas de que o réu tenha sido algemado no momento de sua prisão, informação que não constou do Registo de Ocorrência . É possível o uso de algemas desde que justificado. Assim, ainda que existissem indícios de uso de algema, seria necessária a prévia oitiva da autoridade que cumpriu a ordem. ...Verso, se presta, inclusive, a justificar o uso de algemas no ato da prisão, já que, segundo consta dos autos, o réu teria retornado ao Brasil imediatamente após a prática do crime justamente para escapar à ação da Justiça Australiana, o que faz supor que também pudesse tentar fugir no momento da prisão. Ante o exposto, indeferido o pedido de relaxamento de prisão”, escreveu o juiz num dos trechos do despacho.
De acordo com o laudo cadavérico de Cecília, elaborado por peritos australianos, ela foi asfixiada dentro de seu apartamento, em Sydney ,na Austrália, entre os dias 28 e 29 de abril de 2018 . Santoro, que estava na cidade, voltou para o Rio pouco depois de o corpo ter sido encontrado por canoístas às margens do Rio Lane Cover. Pouco depois do crime, ele teve a prisão decretada na Austrália e passou a ser procurado pela Interpol.
No início de maio, a Divisão de Homicídios da Polícia Civil foi acionada pela família de Cecília, e a Justiça do Rio aceitou uma denúncia contra ele por crime de feminicídio, apresentada pela Ministério Público estadual.
Em sua denúncia, o Ministério Público destacou que Santoro “buscou escapar da Justiça australiana embarcando para o Brasil logo após os fatos, ciente da impossibilidade de extradição de nacional brasileiro”. O documento aponta ainda que o engenheiro também tem cidadania italiana.
Cecilia tinha se mudado para a Austrália em 2007. Trabalhou como gerente da cadeia de suprimentos de uma grande companhia antes de abrir, no ano passado, uma empresa de consultoria. Depois de um divórcio, começou a namorar com Santoro, que, segundo amigos da vítima, tinha temperamento explosivo. Ela foi assassinada pouco depois de terminar o relacionamento com o engenheiro. Após o crime, parentes e amigos de Cecília lançaram uma campanha pelas redes sociais para que o paradeiro do suspeito fosse descoberto.
https://extra.globo.com/casos-de-policia/justica-do-rio-nega-pedido-de-relaxamento-de-prisao-de-suspeito-de-matar-ex-namorada-na-australia-23066930.html
